Quaresma e Caridade

Durante esse período de 40 dias que antecede a Páscoa, os cristãos se preparam para a grande festa da Ressurreição de Jesus, intensificando a prática do jejum, da caridade e da oração.

Ao longo desse tempo especial, é feito um esforço sincero para buscar em si mesmo uma nova pessoa, como uma atitude de vida que vem do próprio interior.

No jejum temos o desejo de não sermos escravos dos sentidos e das vontades e buscamos o domínio de nós mesmos.

Na oração buscamos uma intimidade maior com Deus e a reconciliação com as pessoas.

Na caridade praticamos um exercício espiritual, que coloca alegria em nossa alma em poder beneficiar os que precisam.

Não podemos amar a Deus sem praticar a caridade para com o nosso próximo

 

Diz a Sagrada Escritura:

“Amemos uns aos outros e façamos aos outros o que queríamos que nos fosse feito.”

Se fossem seguidos esses preceitos, não haveria ódio nem ressentimento entre as pessoas. Nem haveria pobreza, pois seria feita a partilha de cada mesa para alimentar os que nada tem.

 

Será que somos egoístas?

A palavra egoísta vem do latim e do grego “ego”, que quer dizer a personalidade.

Biólogos e antropólogos dizem que somos egoístas para poder sobreviver e altruístas em alguns momentos.

Que, para manter o nosso corpo vivo, teríamos uma tendência natural ao egoísmo, mas haveria também uma tendência inversa: quando temos um filho, para proteger os descendentes apareceria o sentimento de altruísmo, como a mãe que dá comida ao seu filho, mesmo que não sobre nada para ela.

O filósofo Husserl diz que todos possuem carne, mas somente “eu mesmo sinto a minha carne que é o meu corpo”, e que posso ver o outro com dor, mas não sinto a dor que ele sente.

Como não somos só um corpo, temos alma e espírito, as religiões insistem para que cada um ame a seu próximo.

 

Sejamos generosos!

A caridade é um ato espiritual, que coloca as forças do amor de Deus em movimento…

Se pudéssemos experimentar com mais frequência a alegria que sentimos em beneficiar os que precisam…

A esmola é um ato prestado com delicadeza e vai ao encontro do necessitado. É uma virtude da caridade em ato concreto.

Por menor que for a esmola, é a intenção do coração que vale.

 

“Dê esmola daquilo que você possui e não seja mesquinho.

Se você vê um pobre, não desvie o rosto, e Deus não afastará o rosto de você.”

(Tobias 4,7, Bíblia Sagrada)

 

Aquele que tem amor no coração tem sempre alguma coisa pra dar, e vai em direção ao carente sem esperar que ele estenda a mão.

A caridade não é somente dar o dinheiro, mas irmos ao encontro das misérias ocultas da ignorância e dos vícios, ajudar e instruir.

Os atos de caridade demonstram compaixão. Começam em casa e se estendem por onde estivermos.

A caridade é indulgente com os erros dos outros, e corrige com amor, mostrando a verdade.

Ela perdoa as ofensas e paga com o bem: brigas em família, agressões morais e físicas, aflições no casamento, no trabalho…

A caridade sabe suportar (pense naqueles que te fazem sofrer, pronuncie seus nomes e orem por eles).

A caridade sabe calar para que o mais exaltado possa falar.

A caridade sabe fazer-se surda a uma palavra irônica.

A caridade não dá importância a uma pessoa que possa se achar erradamente superior aos outros.

Precisamos pedir a ajuda de Deus para que cure nossas feridas e nos ajude a dar apoio e suportar o caminho árduo da caridade.

Se houver pessoas que buscam a excelência da caridade, elas certamente serão dotadas de um coração e um caráter verdadeiramente excepcionais.

Nelas não habitará o sentimento de egoísmo, pois estão afastadas do apego a si mesmas.

Guardem na memória, reflitam, estudem e ensinem estes versos de amor:

 

“A caridade é paciente. A caridade é bondosa. Não tem inveja.

A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante nem escandalosa.

Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor.

Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade.

Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

 

(Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 13, Bíblia Sagrada)

 

 

Um coração caridoso na oração de São Francisco

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.

Onde houver ódio, que eu leve o amor.

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.

Onde houver discórdia, que eu leva a união.

Onde houver dúvida, que eu leve a fé.

Onde houver erro, que eu leve a verdade.

Onde houver desespero, que eu leve a esperança.

Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.

Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Senhor, fazei com que eu procure mais

Consolar que ser consolado

Compreender que ser compreendido

Amar que ser amado.

Pois é dando que se recebe

É perdoando que se é perdoado

E é morrendo que se vive para a vida eterna.

 

Aí sim o coração recebe um sentimento ímpar que vem de Deus.

 

Neste estado de alma, o sentimento é de gratidão pelo grande benefício que se recebeu:  a oportunidade de morrer pra si mesmo e amar a seu próximo.

 

Abraços,

Jane Fiorentino

 

Escrito por Jane Fiorentino. – O conteúdo deste post é de inteira responsabilidade do autor.

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