Brincar saudável

Brincadeiras como futebol, amarelinha, queimada, esconde-esconde fizeram parte da infância de diversas pessoas.

Mas algo mudou. Se, antes, grande parte das crianças passava o dia brincando, hoje é cada vez mais comum vermos as crianças dentro de casa a maior parte do tempo, optando pelos computadores, TV, celulares etc.

A terapeuta ocupacional pediátrica Cris Rowan relata vários resultados de pesquisas feitas nos Estados Unidos e Canadá, alertando os pais, professores e governos sobre o uso excessivo desses aparelhos como ameaças graves para a saúde física e emocional da criança, pela overdose de informações que recebem a cada dia.

Cuidar disso é urgente e necessário, e precisamos trabalhar em conjunto, a fim de reduzir o uso excessivo e abusivo da tecnologia.

Diz a terapeuta que a forma adequada para educar está entre o afeto e o limite. Isso possibilita que a criança se desenvolva tendo claro para si a noção de certo e errado, do que é bom e do que é prejudicial.

É essencial que os pais pesquisem bem antes de escolher uma pessoa que ajudará nos cuidados da casa e dos filhos, lembrando que é preciso que ela esteja de acordo com os preceitos educativos que a mãe e o pai orientam. Não adianta, por exemplo, os pais proibirem a criança de assistir televisão, se que outras pessoas liberam até o controle remoto para ela.

Mesmo diante de tantas recomendações, muitos pais parecem não se preocupar, sob a justificativa de que é importante para a criança saber trabalhar com as novas tecnologias desde cedo. Também para evitar aborrecimentos e contrariedades em casa, acabam deixando as crianças livres para usar os equipamentos da forma como quiserem.

“Precisamos encontrar uma maneira de educar os pais de hoje e ajudá-los a fazer escolhas positivas para seus filhos”, alerta Susan Linn, escritora e cofundadora da organização americana Coalizão pelo Fim da Exploração Comercial Infantil.

 

Imposição de regras

Regras devem ser colocadas para os pequeninos! Mas elas não funcionam se os próprios pais exageram no uso dos dispositivos eletrônicos. Eles devem se perguntar se estão usando excessivamente esses aparelhos.

É comum ver crianças muito pequenas usando smartphones ou tablets.

Os pais não devem estimular o manuseio desses equipamentos. Somente quando a criança demonstra interesse deve ser ensinada de forma correta, ajudando-a a não se tornar dependente.

É preferível ao uso dos aparelhos investir no convívio familiar, em atividades culturais, esportivas, sempre mantendo o diálogo.

O ideal é que apenas depois dos 2 anos de idade, a criança comece a ter contato com aparelhos eletrônicos, e por tempo limitado.

Até os 5 anos, devem ficar no máximo um hora diante das telas.

O tempo pode aumentar para duas horas para crianças de 6 a 12 anos, e para três horas a partir dos 13 anos, somente nessa idade com o acesso a tablets e smartphones.

 

Perigos da internet

Muito importante é esclarecer os motivos pelos quais é preciso cautela com as novas tecnologias.

Há casos de crianças e adolescentes que acabam sendo vítimas da pedofilia através da rede.

Ensine a criança e o adolescente a evitar conversas em “chats” com desconhecidos e não divulgar seus dados pessoais.

Bloqueios devem ser feitos de alguns conteúdos da internet.

Mantenha o computador numa área comum da casa, com a tela sempre visível.

Desligue os aparelhos durante as refeições, nos deveres da escola e na hora de dormir.

Limite o tempo de uso!

 

Crescimento rápido do cérebro

Até os 2 anos, o cérebro da criança triplica de tamanho, determinado por estímulos ambientais, e continua em desenvolvimento rápido até os 21 anos.

Foi provado que estímulos cerebrais causados por exposição excessiva a tecnologias afetam negativamente a criança, causando déficit de atenção, atrasos cognitivos, aprendizado deficiente, aumento da impulsividade, cansaço.

São razões pelas quais devemos estar atentos com crianças de idade inferior a 12 anos quanto ao uso de tablets, celulares e jogos eletrônicos.

Hoje, uma entre três crianças entram na escola com atraso de desenvolvimento, dificultando a alfabetização.

 

Obesidade infantil

O uso da TV e videogame já está relacionado com o aumento da obesidade, porque as crianças passam a fazer menos atividade física.

Crianças que possuem esses aparelhos em seus quartos tem 30% maior incidência de obesidade, e poderão desenvolver diabetes e ataque cardíaco precoce.

 

Privação do sono

 Ter dispositivos eletrônicos dentro do quarto de dormir interfere no ritmo circadiano ou relógio biológico, tanto em adultos como em crianças, e como consequência afetam a memória e a atenção.

Crianças que não dormem bem têm problemas no crescimento, na memória e na atenção, dificultando o aprendizado.

De acordo com o Departamento do Sono da Academia Brasileira de Neurologia, crianças que dormem menos que o ideal podem sofrer até mesmo déficit de crescimento. O hormônio do crescimento é liberado durante o sono.

 

Uma criança que não consegue prestar atenção não aprende, e suas notas na escola são negativamente impactadas.

Crianças em idade pré-escolar (3-5) anos devem dormir de 10 a 13 horas por dia.

Criança em idade escolar (6-13) devem dormir entre 9 e 11 horas.

Adolescentes (14-17), em torno de 10 horas.

Adultos jovens (18-25), entre 7 e 9 horas.

Adultos (26-64), entre 7 e 9 horas.

Idosos (65 ou mais), de 7 a 8 horas.

Este é um assunto que os pais devem levar a sério: é indispensável desligar os aparelhos eletrônicos antes de dormir.

 

Doença mental

O uso excessivo da tecnologia é tido como a principal causa do aumento das taxas de comportamento infantil problemático: depressão infantil, ansiedade, déficit de atenção, transtorno de apego, transtorno bipolar, psicose.

Uma em cada seis crianças canadenses tem uma doença mental. E muitas estão em uso de medicação psiquiátrica perigosa.

 

Agressão

As crianças são expostas a crescente violência física, sexual, tortura e mutilação, na forma de muitos dos filmes e programas de TV, que causam impacto sobre a agressão infantil.

 

Demência digital

A mídia de alta velocidade pode contribuir para uma diminuição na concentração e na memória, devido ao cérebro eliminar trilhas neuronais no córtex frontal.

Médicos do Centro de Equilíbrio Cerebral de Seul explicam que o uso excessivo de celulares e dispositivos de jogos impedem o desenvolvimento equilibrado do cérebro.

Alguns usuários estão propensos a desenvolver o lado esquerdo do cérebro mais que o lado direito; o lado direito está relacionado com a concentração, o que afeta a atenção e a memória.

Supõe-se que isso muitas vezes daria lugar à aparição da demência, pelo baixo desenvolvimento de um dos lados cerebrais.

Registra-se também um aumento desses sintomas entre jovens dependentes, que já não podem recordar alguns detalhes do cotidiano, como seu número de telefone, sintomas que são mais frequentes em pessoas que sofreram lesão cerebral ou alguma doença psiquiátrica.

Para os que usam esses aparelhos durante mais de sete horas por dia, o déficit no desenvolvimento do cérebro é irreversível !

 

Vícios

Como os pais ficam cada vez mais presos à tecnologia, eles estão se distanciando de seus filhos.

Na ausência dos pais, o uso desses dispositivos pelas crianças se torna um vício.

 

Emissão de radiação eletromagnética de celulares e tablets

As crianças, em especial as de pouca idade, são mais sensíveis do que os adultos, com seus cérebros e sistema imunológico ainda em desenvolvimento.

O efeito da irradiação é bem maior, especialmente no cérebro, em comparação com os adultos. Isto se deve ao fato da espessura do crânio da criança. A distância que deve atravessar a radiação, desde o telefone até o cérebro, é bem menor.

Evite ao máximo o uso de celulares para crianças e possíveis comerciais de incentivo ao uso, tais como desenhos animados e joguinhos.

 

Saiba como se manter longe das fontes de radiações no dia-a-dia

Foi confirmado que doenças como leucemia e esclerose, assim como aborto espontâneo, têm possibilidade de 50% de serem gerados por irradiações eletromagnéticas.

– Use fone de ouvido ao falar. Mantenha o aparelho afastado do corpo, em especial da cintura e região pélvica, que pode afetar a produção de espermatozoides e levar à esterilidade.

– Utilize a função viva-voz e sempre que possível substitua a fala pelo envio de mensagem de texto.

– Prefira usar a internet via cabo em vez de rede sem fio com frequência. Esta também é uma fonte de radiação.

– Mantenha distância do forno micro-ondas quando o aparelho estiver ligado. A potência é pequena, mas recebê-la com frequência não é saudável.

 

Podemos nos perguntar: a criança está vivendo ou perdendo a infância?

 

Abraços,

Jane Fiorentino

 

O conteúdo deste post é de inteira responsabilidade do autor – escrito por Jane Fiorentino.

 
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