Tudo o que os humanos precisam para sobreviver e prosperar é oferecido pela natureza.
O alimento que a natureza nos dá é vivo, pois está inserido em um grande universo divino oferecido pelo Criador.
“Não vos preocupeis por vossa vida, pelo que comereis, nem por vosso corpo, pelo que vestireis.
A vida não é mais do que o alimento, e o corpo não é mais do que as vestes?
Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros, e vosso Pai celeste as alimenta.
Não valeis mais vós do que elas?”
(Mateus 6, 25)
O alimento é sagrado
Após colhido, inicia-se um lento processo de perda de vitalidade do alimento, pois ele se desliga de seu ambiente natural.
Devemos por isso saber lidar com os alimentos e sua preservação; nossa atitude amorosa ao manipulá-los, nossa gratidão para com o Criador, nossa alegria em aceitá-los, tudo isso influencia em suas qualidades energéticas e nutritivas.
Aqueles que preparam o alimento devem cultivar sentimentos de doação e alegria no coração.
Devemos saber usar tudo o que estiver disponível, desde que não seja nocivo à saúde.
A higiene, tanto pessoal como dos alimentos, deve estar presentes, bem como a ordem externa e o amor pelo que se está fazendo.
Os alimentos devem ser usados com moderação e discernimento, procurando descobrir aqueles que nos fazem sentir bem. Sempre que possível, ingeri-los em seu estado natural, sem muitas misturas.
O mundo natural nos dá tudo além da medida e não somos capazes de captar o seu verdadeiro valor.
A natureza permanece generosa mesmo desaparecendo pouco a pouco…
Florestas tropicais e pântanos, com seus valores medicinais, como a aspirina, a morfina, drogas que combatem doenças como o câncer…
A abundância de vida selvagem, a pesca, os mares, o solo, a água potável…
Na maioria das religiões, a natureza é devidamente reverenciada, sendo ligada à espiritualidade.
No cristianismo há o Paraíso terrestre; no budismo, todo tipo de vida, do menor ao maior é considerado sagrado e merece compaixão. Para os hindus, cada cantinho da natureza tem o toque da mão de Deus; culturas indígenas celebram a natureza como sendo “sua mãe”.
Há cerca de 7 mil anos, pela observação profunda da natureza, surgiu a mais antiga de todas as medicinas, que inclui aspectos físicos, psicológicos e espirituais da vida.
Considera-se que os pensamentos e as emoções se transformam em matéria ou impulsos nervosos por meio da alimentação e de como o organismo reage a ela.
A arte de preparar os alimentos
Primeiro escolhemos os alimentos que a natureza nos oferece, e depois os produtos de origem animal.
A arte expressa pela natureza é o prato cru que não passou por nenhuma transformação; dele recebemos a mais pura fonte de vida natural.
A arte pelo fogo é o cozimento dos alimentos, que já passa pelo processo de transformação.
Atitude de gratidão durante as refeições
O ato de alimentar-se transforma-se em verdadeiro cerimonial quando temos consciência de que a alimentação vai formar nossos corpos.
Na digestão, os alimentos vão passar pelo processo fisiológico de quebrar suas cadeias químicas materiais, mas a mesma digestão também libera as propriedades sutis aprisionadas nas substâncias.
A escolha dos alimentos é o primeiro passo
Essa escolha exige o despertar da inteligência que está em constante comando sobre o nosso “querer”. Essa “vontade” descontrolada muitas vezes é a base de todo desvio alimentar, principalmente quando nos distanciamos da natureza.
Carnes, salsichas, embutidos, queijos fermentados exigem do organismo um trabalho intenso para serem eliminados. Com o consumo exagerado desses produtos, vão se acumulando toxinas no decorrer dos anos, o que desgasta o corpo, sendo a principal causa de doenças.
O desejo de mudar a alimentação
Quando desejamos escolher uma alimentação mais adequada, devemos ser prudentes e ir por etapas, porque as mudanças na mente são mais rápidas do no corpo!
Assim, uma nova alimentação deve ir emergindo naturalmente, enquanto sentimos os próprios benefícios em nós mesmos, querendo sair dos maus hábitos e vícios do passado.
Não devemos nos esquecer de que nada do que eliminamos em nossa alimentação deve ser encarado como sem serventia, porque outras pessoas em diferentes situações podem necessitar do que não nos serve mais. É preciso respeitar a necessidade dos outros.
Na medicina ayurvédica, a classificação dos alimentos possui importância fundamental, pela sua influência sobre a saúde, o humor e o comportamento.
(Resumimos aqui alguns conceitos sobre esse sistema, e aconselhamos uma literatura mais completa para quem desejar ampliar seu conhecimento sobre ele.)
A alimentação ayurvédica se baseia na divisão dos alimentos em: Sattva, Rajas e Tamas.
O princípio dessa classificação pode ser entendido como impulsos naturais ou instintivos causados pelos diferentes tipos de alimentos; cada um cumpre com suas funções específicas.
Sattva é a qualidade mais indicada à mente, enquanto Tamas e Rajas representam “impurezas” no plano mental e enfraquecem o discernimento espiritual.
Os alimentos Sattva são leves, princípio da inteligência superior, da suavidade e da harmonia.
Ativam os bons sentimentos e as emoções refinadas, elevam a consciência, favorecem a meditação, geram leveza e bem-estar.
São todos os alimentos frescos de fácil digestão, de sabor suave e adocicado, que não se deterioram facilmente.
Aumentam a resistência física, favorecendo a saúde.
Nesse grupo estão os cereais integrais, as frutas de sabor suave, os grãos, o mel, os laticínios não fermentados. Também:
– Abóboras em geral, cenoura, couve-flor, inhame, mandioquinha, batata doce.
– Acelga, aipo, alface, couve, aspargos.
– Arroz branco, arroz integral, trigo integral, aveia, centeio, cevada, ervilha, feijões, lentilha, milho.
– Avelã, castanha-de-caju, castanha-do-Pará, coco, gergelim, nozes, amêndoa, tâmara.
– Cereja, laranja-lima, lima da pérsia, maçã, melancia.
– Leite, manteiga sem sal, ghee (manteiga clarificada), creme de leite, água.
Alimentos Rajas precisam ser consumidos de forma limitada.
Geralmente são pesados, de digestão difícil, sabor picante, ácidos, conservados, defumados, de odor forte.
Nesse grupo estão os alimentos animais, principalmente os industrializados, as conservas, os defumados, as salsichas, linguiças…
Tornam aqueles que o consomem passivos, intolerantes, passionais, com fortes odores corpóreos, comilões, compulsivos.
Aumentam intensamente a força física, induzindo à impulsividade e às emoções fortes. Alguns exemplos:
– Bacalhau salgado, carne de porco, carne de vaca, vísceras.
– Conservas em geral, carnes industrializadas, embutidos.
– Pimentão, pimentas, queijos de odor forte, temperos fortes, vinagre.
– Bebidas alcoólicas.
Tamas são alimentos intermediários.
Geralmente exercem efeito estimulante e tonificam o sistema nervoso, estimulando a energia vital; ideais quando associados aos alimentos leves.
Nesse grupo estão as carnes frescas, brancas e de boi, algumas bebidas alcoólicas leves, como o vinho, a cerveja fraca e os licores, as sementes e leguminosas em geral.
Alguns deles:
– Abacaxi, banana, figo, gengibre, manga, morango,pera, laranja ácida, jaca.
– Agrião, rúcula, rabanete, nabo, pepino, berinjela, salsinha, tomate, couve, escarola, espinafre.
– Aipim, mandioca, alcachofra, alho, alho-poró, cebola, cebolinha.
– Amendoim, azeitona, batata, cará, damasco, feijão preto, grão de bico.
– Os lácteos: queijo fresco, iogurte, coalhada, queijo suave.
– Os ovos de galinha revigoram e devem ser consumidos em quantidades moderadas.
– Atum, camarão, carpa, caviar, lagosta, lula, ostra, polvo, salmão, sardinha, truta.
– Coelho, frango, pato, peru.
– Café, chá mate, chá preto, chá verde.
– Vinhos em geral.
Tabaco em todas as suas formas é um produto desse grupo.
Leite
O leite é considerado um ótimo alimento, principalmente para crianças em crescimento e pessoas fracas. Pode ser tomado frio no verão e quente no inverno, isoladamente ou com frutas doces.
A pasteurização anula as propriedades do leite fresco.
Por falta de uma ordenha respeitosa, a indústria de lacticínios pratica a crueldade contra esses animais indefesos. Além do mais, logo após o nascimento muitos bezerros são retirados da mãe e levados para o matadouro para saciarem os apreciadores do “baby beef”.
Alimentos que melhoram o sono
A alface tem poderoso efeito calmante, em razão da lactucina presente no talo e no miolo.
Também a maçã, comida crua ou cozida, e o maracujá em forma de suco.
Alimentos que tiram o sono
Alimentos que possuem substâncias estimulantes devem ser evitados no mínimo quatro horas antes de dormir.
São constituídos de xantina e cafeína, que estimulam o sistema nervoso central provocando insônia.
Chá preto, chá verde, chá mate, refrigerantes à base de cola, chocolate, guaraná, bebidas alcoólicas.
Também os alimentos pesados e gordurosos, a carne vermelha e as pimentas.
A alimentação ideal
Em princípio, a alimentação ideal é aquela em que prevalecem os alimentos suaves.
Como todos somos influenciados de forma diferente pelos três tipos básicos de alimentos, a alimentação deve ser de acordo com a constituição individual de cada um.
Somos vulneráveis e tendemos ao desequilíbrio; ora somos criativos, ora compulsivos e passionais. Gostamos de ação, preservamos os valores do bem…
Vamos então desenvolver o princípio do equilíbrio entre os alimentos, com uma maior tendência aos alimentos suaves?
O alimento que ingerimos não afeta apenas nosso corpo, mas também nossa mente.
Que a alimentação se torne um ato sagrado em nossa vida, e humildemente consigamos também através dela expressar as melhores aspirações do nosso interior.
A saúde física, emocional e espiritual não pode ser esquecida!
Abraços,
Jane Fiorentino
O conteúdo deste post é de inteira responsabilidade do autor. – escrito por Jane Fiorentino.
Legal muito gratificante e com informações precisas.continue assim e por aí!!!