PRÊT-À-PORTER & HAUTE COUTURE

Agora que você já conhece a como surgiram as semanas de moda e a diferença entre os desfiles nas capitais da moda, entenda a diferença entre uma coleção prêt-à-porter (pronto para vestir) e uma coleção haute couture (alta-costura).

Prêt-à-porter ou Pronto Para Vestir

Antes de mais nada, de maneira simplista o prêt-à-porter (“pronto para vestir” / “ready to wear”) tem uma finalidade mais comercial, uma produção mais rápida e em medidas padronizadas pela marca, mas sem perder a qualidade. 

Schiaparelli 2022 prêt-à-porter

Haute Couture ou Alta-Costura

Já a Alta-Costura (Haute Couture) é o sob medida, o exclusivo e luxuoso. Portanto, o objetivo da Haute Couture não é o lucro, mas garantir a excelência francesa na moda. 

Na alta-costura não há limites para a criação, as coleções são ainda mais conceituais e extravagantes. É um laboratório criativo, de onde saem as ideias que ganham um sentido mais comercial no prêt-à-porter.

Schiaparelli 2022 Couture

Então tudo sob medida é alta-costura?

NÃO!

Embora seja utilizado erroneamente para definir o trabalho de outras grifes de luxo ou até mesmo ateliês pequenos, não é qualquer marca ou coleção que pode receber esse título. 

A França é o único país que pode usar o termo Haute Couture para designar suas criações, pois é uma nomenclatura protegida por lei, por isso, Paris é a única capital a ter uma semana exclusivamente dedicada a Alta-Costura.

Quais são os critérios?

Para ser considerado haute couture, a marca deve apresentar peças únicas, feitas a mão e com materiais especiais. Além disso, para receber o selo oficial, a marca precisa seguir alguns critérios, que são avaliados pela Federação de Alta-Costura e da Moda que existe em Paris, como:

  • Ter um padrão estético sofisticado e que seja relativo à estética francesa;
  • Todas as peças devem ser feitas a mão, únicas e sob medida;
  • As roupas devem ser feita nos ateliês da marca;
  • A oficina da marca deve ter um número mínimo de funcionários e técnicos;
  • As coleções devem ser apresentadas em um desfile, duas vezes por ano (primavera/verão e outono/inverno), com um número determinado mínimo de novas peças em cada coleção;
  • As peças precisam ser provadas no corpo da cliente pelo menos três vezes;
  • A marca precisa ter um showroom localizado no Triangle D’or. Uma região específica de Paris que compreende as vias George V, Champs-Elysées e Montaigne;
  • A maison tem que pertencer à marca, não pode ser um local alugado;

O local também precisa ter pelo menos cinco andares. O térreo sendo a própria loja, o primeiro piso o ateliê, um andar em que os desfiles possam ser realizados e finalmente, o showroom.

Todos os membros precisam seguir essas regras?

Sim, mas os critérios acima são as exigências para os membros permanentes (como Chanel, Givenchy, Schiaparelli, Margiela, Jean-Paul Gaultier…). Essas são permanentes até que decidam sair por vontade própria ou decisão do presidente da câmara.

Atualmente, há outras maneiras de pertencer ao setor. Você pode, por exemplo, ser um membro convidado. 

No caso de convidados, as regras são mais simples. A Câmara decide que determinado designer está fazendo um trabalho interessante e o convida com o aval das casas permanentes. O convite pode ser apenas para uma coleção, por exemplo.

Há também alguns costumes, que não são regras, embora tenham se tornado tradições. Mesclar apresentações de peças masculinas e femininas e fechar uma coleção com um vestido de noiva são exemplos.

E a alta-costura de outros países?

Cada país nomeia sua alta-costura de uma maneira. Na Itália a Alta-Costura é correspondente a Alta Moda, na Inglaterra e nos Estados Unidos ela é nomeada High Fashion.

Mas se é tão exclusivo, único e difícil deve vender muito pouco né? 

Está certo, o público da alta-costura é bem restrito, são poucas peças e poucas marcas. Os clientes costumam ser rainhas, princesas, aristocratas e socialites em geral. Celebridades, que também são vistas usando criações nos tapetes vermelhos e festas em Hollywood, costumam usar peças emprestadas em troca de publicidade. 

A alta-costura também funciona como um posicionamento, uma ferramenta de marketing para criar desejo e mostrar o potencial artístico e habilidades dos artesãos de cada maison.

Ok, mas sem muito volume de peças e clientes, como marcas de alta-costura se sustentam?

Sabe Chanel n°5, J’adore ou um Miss Dior que você ama ou deseja ter?

Pois então. Toda Maison tem pelo menos um perfume no catálogo e é o carro chefe de vendas. Normalmente em segundo lugar o que mais vende são os cosméticos, seguidos então do prêt-à-porter e o menos lucrativo é a alta-costura.

E no Brasil, temos Alta-Costura?

O Brasil não tem uma Câmara de Moda e nem um nome equivalente a Haute Couture como Alta Moda ou High Fashion. Para fazer alta-costura no Brasil de fato, você precisa pedir autorização à Câmara de Paris.

Dois brasileiros fizeram parte da lista da Câmara Sindical da Alta-Costura: O estilista Ocimar Versolato (1961-2017) no final dos anos 90, apresentou uma coleção própria, depois de ser diretor criativo da Lanvin por dois anos. E Gustavo Lins, membro convidado que chegou a ser permanente em 2011. Sua Maison, Atelier Gustavolins, faliu em 2015.

 

Ufa, quanta informação, né? E aí, você sabia tudo isso sobre a história das semanas de moda do mundo? Espero que tenha gostado do conteúdo, me acompanhe também no Instagram.

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